Os agrotóxicos são um problema? Desvendamos essa polêmica - Parte 2/2
Postado por Fernanda Werner em
O Brasil, hoje, é o terceiro maior produtor de alimentos do mundo e o segundo maior exportador, atrás apenas dos Estados Unidos. Tal posição econômica nos obrigada a seguir várias regras e protocolos em relação a saúde e segurança dos alimentos exportados. Dessa forma, as nações garantem que os produtos consumidos pelos seus cidadãos são de boa qualidade, mesmo vindos de outros países.
Porém, o fato do Brasil não cumprir com as taxas de limite de resíduo dos agrotóxicos afeta nosso comércio exterior. O Serviço Federal de Vigilância Veterinária e Fitossanitária da Rússia, em 2019, alertou o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) do Brasil sobre a necessidade urgente de seguirmos os valores previstos no acordo da União Aduaneira, caso contrário a Rússia iria aplicar restrições à importação de soja do Brasil.
Além disso, a União Europeia não viu com bons olhos a aprovação do Pacote do Veneno feita pelo Brasil esse ano. Para eles, essa PL significa que será mais provável que os pesticidas inseguros sejam utilizados pelos agricultores brasileiros, o que pode dificultar o acordo econômico entre Mercosul e UE segundo parlamentos da UE.
Se estão exigindo tanto dos produtos brasileiros, como a Europa lida com os produtos internos?
Há um ano atrás, a Comissão Europeia anunciou que iria adotar como meta reduzir em 50% o uso de agroquímicos e em 20% o de fertilizantes. Tais medidas fazem parte da estratégia “Farm to Fork” que pretende tornar o sistema alimentar mais saudável, garantindo mais segurança alimentar e reduzindo danos ao meio ambiente.
Nos últimos anos a UE começou a monitorar mais ativamente o processo de autorização de uso de agrotóxicos, principalmente após a polêmica renovação do uso de glifosato em 2017. Além disso, o cumprimento de limites de resíduos já é fiscalizado com rigor. Em 2016, por exemplo, o teste de alimentos realizado pela EFSA apresentou 3,8% de produtos com resíduos acima do limite legal. Uma diferença gritante se comparado com os 23% encontrado no teste da ANVISA de 2019.
Mas a falta de cumprimento das normas da ANVISA e das internacionais é só a ponta do iceberg, pois o que mais difere na gestão de agrotóxicos do Brasil com a Europa é o volume de químicos permitidos por alimento e por litro de água que ingerimos. Como pode ser visto no estudo feito pela Professora Dra. da USP Larissa Bombardi.
Além das concentrações absurdas, vários compostos já proibidos na Europa tem forte mercado no Brasil, como é o caso da principal ameaça para as abelhas, representada pelos inseticidas neocotinoides. Da mesma maneira, o agrotóxico propargite, proibido em 2011 pela UE por ser extremamente tóxico quando inalado e para a vida aquática, recebeu autorização para comprar de 608 toneladas em 2019.
Ok, parece que temos um problema. Mas tem solução?
Sempre tem, mas é óbvio que o Brasil não vai parar de usar agrotóxicos do dia para a noite e nem a própria UE, mas é preciso iniciar um processo de desmame dessa dependência de químicos (entende-se empresas europeias que tem monopólio de sementes, fertilizantes e defensores químicos) para que tenhamos uma melhor relação com o meio ambiente e uma maior soberania sobre os métodos de produção.
Há várias formas de resolver esse problema, mas a agroecologia é a base para uma agricultura sustentável, pois é uma ciência interdisciplinar que incorpora princípios da ecologia, com tradições culturais de práticas agrícolas e tecnologia. Além disso, a agricultura ecológica utiliza a tecnologia para reproduzir ciclos naturais de energia e nutrientes, utilizando de fontes renováveis e permanentes para produção de alimentos saudáveis, sem uso de agrotóxicos, economicamente viáveis e sob relações sociais justas, como explica o ex Eng. Agrônomo da EPAGRI Hernandes Werner.
Do ponto de vista da agricultura, precisamos fortalecer as políticas de agroecologia, financiar os projetos de agricultura orgânica e substituir tecnologias prejudiciais por tecnologias mais avançadas, menos nocivas. A ONU recomenda um movimento em direção a um tratado global para regulamentação do uso de agrotóxicos e uma mudança para práticas sustentáveis, incluindo métodos naturais de eliminação de pragas e rotação de culturas.
Como a produção orgânica ainda não está disseminada no país, uma forma de economizar na compra de orgânicos e investir em uma alimentação mais saudável é conhecer as feiras orgânicas. Por lá, o consumidor compra direto do produtor pagando menos e ainda tendo uma grande troca de experiências.
Para quem quer começar a plantar em casa, a Easy Garden te ajuda a ter temperos e hortaliças o ano todo, sem a necessidade de qualquer tipo de agrotóxico e sem cuidados diários. Conheça nossa coleção de Hortas Inteligentes e escolha a que melhor combina com você.
Vamos juntos nos alimentar melhor e e deixar o mundo mais verde!
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