Nossa experiência com Rapé de Yopo
Postado por Fernanda Werner em
29-01-23 uma experiencia forte para iniciar bem o ano. Foi a primeira vez que usamos rapé de Yopo. E 29 é meu número da sorte.
Na verdade, essa experiência nos pegou de surpresa. E que bom, pq talvez se soubéssemos como seria, não teríamos tido coragem de passar por isso.
Foi muito intenso e doloroso sentir tudo que senti. Em menos de 5 min um soco na boca do estômago e da mente. Na primeira fase dessa brincadeira senti muito ódio por ter me colocado nesta situação, por ter aceito conhecer algo novo. Senti muita, mas muita raiva de mim. Logo eu que havia preparado todo meu enxoval de cerimonia, com direito a travesseiros, manta e muitos rolos de papel higiênico - e de repente: BUM! Não estávamos perto de nada disso. Vivenciamos o purgatório. Ali, no meio de uma clareira, onde só tinha brita e mais pessoas se contorcendo. Parecia que estava entrando nos 9 círculos do Inferno de Dante.


Eu não tinha forças nem para ficar sentada, foi ai que uma guardiã das medicinas me aconselhou a tirar meus chinelos e deitar na brita mesmo. Vomitei o meu jejum e pior, rolei nele. Meu corpo fazia muitos movimentos involuntários de dor, angustia e desesepero. Me senti com raiva e apavorada! Me senti com medo, e quando pensei que não iria mais aguentar, comecei a observar meu medo. Meu corpo fervia muito, pedi água para uma mulher, que por sinal também esteve na nossa primeira cerimônia de Ahyuaska, que derramou um balde em mim. Nesse momento eu refresquei meu corpo e senti frio. Me esforcei para agradecer ela e nisso comecei a observar o frio. Pude assim, agradecer o frio.
Enquanto minha namorada também estava vivenciando seu processo ela repetia: amor, estou aqui! Ao mesmo tempo em que eu ficava feliz por ouvir a voz dela eu pensava: de nada adianta, porque não tem absolutamente nada o que pudesse ser feito. Só eu poderia passar por aquilo. Tinha de ser sozinha. Assim como ela, solitárias.
Comecei a pensar: como que eu posso controlar essa situação em que me meti? Ouvi uma voz me mandando ser grata. Será que realmente conseguiríamos ser gratas?
Me esforcei. Agradecer abriu espaço para observar melhor o meu pânico. Deitada de barriga para baixo na brita, toda vomitada e espumando pelo nariz e boca - será que era disso que tinha medo? Observei que se meu maior medo no momento era estar exatamente naquela posição de nojeira - eu estava vivendo o meu medo! E aí? O que eu podia fazer com ele? Se ele já estava acontecendo eu não precisava mais sentir ele. Nesse momento finalmente parei de resistir. ME ENTREGUEI. E isso virou o jogo. Quando eu parei de fingir que podia ser grata ao medo e a dor, comecei a sentir um estado profundo de gratidão, me senti conectada com o terra sob meu corpo e com as pedras que estavam em minhas mãos. Olhava para a floresta e me sentia em oração. Veio uma lembrança muito mais antiga do que eu, me sentia em casa, aterrada na terra para qual eu e você voltaremos. Me veio flashes do futuro e nele eu não sentia mais tanta falta dessa conexão espiritual, porque no presente eu estava sendo apresentada para a gratidão incondicional, vivendo um sentimento puro de conexão com a nossa verdadeira Mãe, a natureza.
Quando eu menos esperava, eu me agradeci por ter sido tão corajosa de estar ali, de ser uma pessoa aberta ao novo, ao desconhecido. De repente estava apreciando minha personalidade ousada e contestadora.
Não foi fácil aceitar tanto medo, o meu processo me guiou a parar de resistir ao medo. Me ensinou que existe beleza na entrega e na aceitação das coisas como elas são.
Valeu a pena redescobrirmos o potencial de força que nos habita.
De coração, agora eu sinto que isso literalmente vai fazer virar o nosso jogo. Foi extremamente gratificante perceber que temos tudo que precisamos para ser quem queremos ser.
Para saber da experiência da Fer clica aqui. Veja o relato dela sobre a medicina de poder: Yopo.
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- Tags: ayhuasca, conexão com a vida, medicina da floresta, planta de poder, plantas medicinais, rapé, rapédeyopo, relato de ayhuasca, relato de yopo, vivência espiritual
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Ola!
Poderia informar em qual casa sagrada foi feito a aplicação?